"As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem."
Chico Buarque
Nunca postei nada sobre musica no blog, e para inaugurar esta nova fração dentro da minha ferramenta de desabafo, é claro que não poderia ser diferente. Compartilho com vocês meu ídolo numero 1 no quesito musica, Francisco Buarque de Holanda.
Um artista lindo, tímido e triste – segundo as palavras de Clarice Lispector –
Além do seu talento, existe um grande intelectual em Chico, que se formou também por meio dos muitos diálogos sobre literatura francesa e russa do século XIX e XX e sobre o modernismo brasileiro, Conversas que tinha com seu pai historiador Sérgio Buarque de Hollanda.
Agora imaginem tudo isso acrescido à paixão pelo futebol, pelo samba e pela bossa nova.
O resultado é uma mistura de caráter descontraído e popular, rico em cultura e grande em alma. Um Completo artista!
Chico Buarque aprendeu desde muito cedo a lidar com as palavras, e fez delas seu maior instrumento para expressar suas inquietações. Como compositor e escritor, se fez poeta, pela importância que estabeleceu à semântica de suas produções na discussão dos problemas da sociedade brasileira.
Há quem diga que Chico é repetitivo e chato… Um acinte!
O mais original de nossos artistas, rara e já citada exceção, fica dificil relacionar com repetitiva as obras desse poeta em permanente construção.
Poeta este que foi buscar nos gritos dos mercados, no breu das docas, nas velas acesas nos becos deste país uma alma brasileira refletida em gente como o pedreiro que amou daquela vez como se fosse a última, a cabrocha mais bonita que trocou a pista pela galeria e nunca mais foi a mesma, o pivete que zanza na sarjeta e tem as pernas tortas e se chama Mané, as meninas de peitinhos de pitomba que vendem barato suas bugingangas ….
Um poeta que a exemplo dos cegos pode ver na escuridão, daquele que, olhos nos olhos, compreende e canta o amor barato desse nosso suburbano coração, como essa quase unanimidade brasileira chamada Chico Buarque.